quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Indo além da magreza

Betty Kroeker aprendeu uma lição:
a vida é muito maior do que o manequim que você veste...
Por Marianne Jones – em 2006
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Betty Kroeker adora revelar sua profissão: ela veste manequim 48 e acha hilária a expressão das pessoas quando diz que é professora de ginástica.
Minha aparência não combina com a idéia que muita gente faz de uma professora de aeróbica”, diz. “Mas essa noção perpetuada pela mídia – de que um corpo perfeito precisa ser magro – pode nos fazer desenvolver transtornos alimentares ou desistir de vez”.
Betty, 48 anos, moradora de Ontário, Canadá, é professora de ginástica há 9 anos. Além de dar oito aulas por semana, ela trabalha como personal trainer e dá palestras em organizações que lidam com a saúde e o controle de peso.
Betty é uma inspiração para muitas pessoas que sentem vergonha de seu peso e não fazem atividade física por causa disso.
Tudo em Betty exala entusiasmo e energia. É difícil acreditar que aos 36 anos, pesando 140kg, ela se sentia deprimida e derrotada. Betty não conseguia levantar da cama nem subir escadas sem sentir fortes dores nas pernas ou ficar sem fôlego. Ela sempre ficava para trás nas caminhadas com o marido e os filhos.
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Com histórico familiar de excesso de peso, Betty nunca foi magrinha. Mas, depois do terceiro filho, seu peso começou a sair do controle. E ela estava muito infeliz.
Então, em junho de 1995, Betty encontrou uma velha amiga que perdera quase 20kg fazendo aulas de aeróbica. Em setembro, a mesma amiga lhe falou de uma aula de aeróbica para mulheres mais gordas – havia ainda uma vaga. Esse foi o incentivo de que Betty precisava. Mas existiam obstáculos a serem ultrapassados. Um deles era expor seu corpo. “Descobri que não se fabricam roupas de ginástica para mulheres mais gordas”, conta. “Só encontrei um conjunto de moletom verde que me fazia parecer a mulher do Incrível Hulk”.
A primeira aula também foi difícil. Betty ficou dez minutos dentro do carro no estacionamento, dizendo a si mesma que se a professora parecesse a “Barbie de biquini” ela não ficaria de jeito nenhum. Seu temor de ser ridicularizada pelas pessoas “saradas” logo desapareceu. Todos pareciam com ela. Até a professora, era uma mulher corpulenta, que imediatamente fez com que todos se sentissem à vontade. Betty não estava acostumada com tanta atividade física. Nos primeiros dez minutos pensou que fosse morrer. Mas conseguiu ir até o fim. Quando chegou em casa, sentia que havia realizado algo muito importante. A maior batalha acontecera em sua mente, mas Betty não desistiu, apesar do medo de falhar ou de ser ridicularizada.
Não demorou para Betty ficar “viciada” em exercício. Depois de frequentar as aulas por um ano, ela perdera quase 20kg, sua resistência cardiovascular aumentara, estava mais saudável e dormindo melhor.
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Quando a professora sugeriu que Betty se tornasse professora de aeróbica, ela achou muita graça, mas, com o incentivo do marido, decidiu aceitar. Passou no curso e rapidamente começou a dar mini aulas de dez minutos antes da aula principal. Os participantes se sentiam encorajados pelo seu exemplo e faziam os exercícios animados.
Em pouco tempo Betty estava trabalhando todas as manhãs, dando aulas de aeróbica e step e se tornou uma professora disputada. Mulheres mais gordas que costumavam se sentir intimidadas pela aparência e não iam a academias brigavam por uma vaga em suas aulas. Ela decidiu estender seu exemplo para outras pessoas acima do peso que tinham vergonha de frequentar academias, Betty, então, abriu um curso e se tornou “personal trainer”.
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Betty ainda luta para manter-se no peso ideal e precisa prestar atenção ao que come. Ela, porém, se recusa a ser obcecada pelo peso ou a medir seu valor pelo manequim que veste. E ela nos deixa uma reflexão:
Tanta gente passa a vida esperando. As pessoas dizem a si mesmas que vão começar a viver quando perderem o excesso de peso. Acham que a vida ficará perfeita quando forem magras. Não fica. A vida sempre terá problemas – quer você seja magra ou gorda”.